quinta-feira, 30 de agosto de 2012

dito e feito


O exercício será outro.

Se antes usava um lado, a mão contrária e as letras de imprensa/caixa alta, vou variar, daqui por diante, passarei a usar o outro lado que guia a mão oposta em letra cursiva.

O cenário não mudou, as motivações também não, continuamos no barraco, as meninas, o Valdis, as plantinhas, o terreiro de cimento, as paredes desenhadas, escritas, rabiscadas, as bagunças, os afazeres, as dificuldades e os prazeres.

Uma foto do Che, dois quadros de pescadores talhados na madeira, borboletas, uma coruja de barro e outros penduricalhos pendurados.

O cachorro Toby que nos ficou quando a vizinha do barracão colado ao nosso se foi.

O canto onde deposito os materiais separados que são levados pelo querido irmão a uma Associação de reciclagem.

As pequenas lutas do dia-a-dia e as grandes vontades.

As idas e vindas com as fofas e mais tantos tudos que continuam.

A diferença agora é na mão que traz o relato.

O Som!!!!!!!


Elomar - Cantiga de Amigo
  

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

desisto


por enquanto
acredito que desta forma
fico mais aliviada
a tormenta do querer 
e nada
é muito pior




quem sabe assim
botando pra fora
o espaço fica livre e desimpedido 
para o que vier
e por sua vez
sair, fluir







fotos que tirei da mesma árvore numa noite dessas 
andando pela avenida com as meninas Liz

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

O Som!!!!

Não conhecia esta canção deles, muito menos o vídeo.
Então aí vão o som/vídeo e a letra.


chico science & naçao zumbi - blunt of judah






Blunt Of Judah
Chico Science & Nação Zumbi


Eu tô bem na minha altura 
Onde na fadiga do vento 
É que o veneno circula 
E o remédio nem deve saber 
Que acabou o descanso 
Pra encontrar a cura 
Fêmea soñadora, seus devaneios 
Me faz ver através das portas 
E até atravessar espelhos 
Tô no caminho do Blunt of Judah 
Pra ficar sonhando depois que acordar 
Interado com fumaça ativa 
Flutuando sem nenhuma esteira 
Em plena menção sativa 
Escaneando o dia 
Revelando a seqüência inteira 
Se ligando pelos olhos e ouvidos 
Verdadeira Odisséia na cera 
Sempre ativo na interzona 
Janela viva e acesa 
Via erva santa sem amônia 
Tô no caminho do Blunt of Judah 
Pra ficar sonhando depois que acordar 
O vermelho e o amarelo 
Na quentura do véu 
A fumaça era grande 
E sumia no céu 
Iluminismo no dubismo dos zumbis 
A Babilônia não está tão longe 
Pela quantidade que se consome 
O paraíso dessa vez vem logo 
Como um lugar sem nome 
Tô no caminho do Blunt of Judah 
Pra ficar sonhando depois que acordar 

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

acontecimentos

levo a mão ao peito
por quantas noites
viro concha
um ouvido pegado ao lombo
pálpebras baixadas
o mar
o som das ondas batendo
o cheiro salgado da maresia
por quantas luas
de onde virá? se virá

de cócoras
os segundos passam
entre os vasinhos de gerânios
os vasinhos das mudas da roseira
de acerola e da amoreira que pegaram
olhando
seguindo as fileiras
das formigas ao ninho
incito o caos nas colônias
dou munição às operárias
matam a rainha
e as sobreviventes procuram outra
pois nada sabem de liberdade

***************

No http://azultemporario.blogspot.com.br de Marcantonio

QUARTA-FEIRA, 17 DE AGOSTO DE 2011

PROVAS DO ARTISTA (50)


REMOÇÃO

E as palavras surgem aos poucos
De onde não eram percebidas,
Providentes formigas
Ao redor dos despojos
De um animal maior:

É a sensação morta
Que o poema transporta,
Alheia a si, ela migra:
Que estranha ilusão de sobrevida!

 
Escher, Fita de Moebius II (formigas)
Xilogravura em três cores, 1963.

Olá, Marcantonio


A escrita, a imagem, um impacto, uma fita de DNA cheia de formigas. Uma área cimentada que chamamos de terreiro com vasos de gerânios e um ninho de formigas das cortadeiras feito numa moita de guiné nascida num buraco do cimento. Elas começaram a comer os gerânios e suas flores, uma noite vimos a fila de muitas que iam e vinham da moita aos vasos, taquei álcool e botei fogo, nada, elas não paravam e não sabia mais o que fazer. Os gerânios já no talo, depois deles o que seria. Fui a uma loja e o moço explicou com uma expressão trágica me dando um saquinho com uns toquinhos, você coloca e elas carregam até a rainha e matam a rainha, depois que a rainha morre elas vão embora procurar outro ninho, outra rainha. Instrumentalizei as operárias a envenenarem sua rainha. Ficávamos vendo as formigas carregando os toquinhos ao invés das folhas e flores dos gerânios para dentro do ninho.

Outro impacto que me chega, o de uma passagem no livro Uma Aprendizagem ou O livro dos Prazeres da Clarice Lispector:

“_ Não sei mais se no restaurante da Floresta da Tijuca tem galinha ao molho pardo, bem pardo por causa do sangue espesso que eles lá sabem preparar. Quando penso no gosto voraz com que comemos o sangue alheio, dou-me conta de nossa truculência, disse Ulisses.
_ Eu também gosto, disse Lóri a meia voz. Logo eu que seria incapaz de matar uma galinha, tanto gosto delas vivas, mexendo o pescoço feio e procurando minhocas. Não era melhor, quando fomos lá, comer outra coisa? perguntou meio a medo.
_ Claro que devemos comê-la, é preciso não esquecer e respeitar a violência que temos. As pequenas violências nos salvam das grandes. Quem sabe, se não comêssemos os bichos, comeríamos gente com seu sangue. Nossa vida é truculenta, Loreley: nasce-se com sangue e com sangue corta-se para sempre a possibilidade de união perfeita: o cordão umbilical. E muitos são os que morrem com sangue derramado por dentro ou por fora. É preciso acreditar no sangue como parte importante da vida. A truculência é amor também.”

E não consigo achar outra expressão, demasiadamente doido. 


Grande abraço pra você.




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O Som!!!!


Xangai- Curvas do Rio - Elomar Figueira de Melo

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

das intimidades




Não sei o que mais em mim se agita.
Se meu espírito. Mas, qual a matéria?
Impalpável, feita de gás? Ou minha antimatéria?
Se minhas entranhas: tripas, estômago, coração, veias, cordas.
Se minha massa.
Compressão dos nervos velozmente correndo.
Ou
Se um todo sem explicação.

Não fosse eu seria outra.
Talvez uma fulana assim e assado.
Uma doutora dos dentes, nem tão realizada, sempre falta algo sendo eu ou a fulana.
Talvez uma cicrana super hiper bem sucedida artista plástica dada a decorações, poderia ser, ou pintora, escultora, mas não era para tanto, o acordo foi outro.
Talvez uma beltrana engenheira, arquiteta, contabilista, licenciada em física, psicóloga, tecnóloga.
Talvez uma qualquer para sempre alienada, alheia, indiferente ao que me acerca.
Não vim pelas posses nem da matéria nem dos aprendizados, afora uma máquina de costura que não cabe no embornal e que, se por bem, fica na beira do caminho a quem puder servir.
Mas nasci eu e me deram um nome da flor que brota no frio e tão longe e tão distante, e me tornei amante, militante e mãe.
Aqui estou eu menina mulher dona de casa.


Alguém pensou que seria assim?
Muitos predestinaram o fim.
Mas qual...
E outr@s tant@s vieram e desejaram profundamente os fins.
Muitos sonhos foram assassinados.
Mas não puderam represar o sangue que se esvaiu e que encheu as valas e que regou os veios.
Não puderam conter a essência fluída que se misturou ao vento.
Não puderam esmagar as sementes nos bicos dos pássaros.
Seres exterminam vidas, no entanto a idéia é transmitida geração após geração, com isso eles não podem.
Passa o tempo lento, dia e noite, sol e chuva.
As estações mudam, alteradas estações.
E a vontade se eleva, marcha, segue...
Entre as escuridões, as sombras e as luzes.



sábado, 4 de agosto de 2012

É admirável!





Meus olhos dançam quando ouço a canção
Linguagem simples, precisa
Levanto o corpo e me ponho em movimentos
Lineares e ondulantes
Excitação, estímulos
Meu corpo responde
Transmissão, condução
Te chamo: você me acompanha?
Unidos e conectados

O clarão risca o céu
As células sensíveis ao toque
A corrente percorre a espinha
Para na nuca e os cabelos sobem
Te chamo: você me acompanha?

Nossas pernas, nossos pés
Nossos braços, nossas mãos
Mãos de ver
Olhos de falar
Nariz de tocar
Boca e ouvidos de sentir
Me acompanha?





quinta-feira, 2 de agosto de 2012

em nome de que?

afinal quem somos nós?
o que move a humanidade?
a que viemos com toda a nossa evolução racional? 
por que?
quais argumentos sustentam as atrocidades?
insanidade doente e infeliz.
quais interesses que nos guiam?
o que nos fizeram, nos fazem e ainda irão nos fazer?
quem são essas pessoas, quem somos nós?
guerra, sangue derramado, tortura, violência...
até quando?
será que sempre foi assim, é assim, e será assim?
conformismo, fatalidade, realidade, resignação, pessimismo.
é assim porque é assim mesmo?
putz, que desgraça!
será mesmo que não vale à pena, que é inútil ter o conhecimento daquilo que não podemos transformar?
que miséria!
e a História? 
caramba!
E    A    HIS - TÓ -  RIA?
o que iremos de ser?
o que iremos de querer?
o que iremos de fazer?
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A revista Caros Amigos tem colocado nas bancas, divida em fascículos, a história da ditadura militar no Brasil, está no 7 - governo médice: a tortura.
Sinceramente, não dá pra ser a mesma depois destas leituras.




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O Som!!!!
Este disco, Das Terras de Benvirá de Geraldo Vandré, é simplesmente maravilhoso.


Na terra como no céu - Geraldo Vandré

A tormenta que se tornou

A vontade é ir preenchendo as tantas linhas vazias com toda manifestação das emoções que se dão, afloram e transpiram, ocupando de rab...