sexta-feira, 10 de junho de 2011

transferindo

Do toc! toc! toc! pra cá.


Os gostos. Não resisto, vejo-me. Mas não importa se não estou lá, mesmo assim me vem, então não resisto, fico a me ver. E que sejam as quaisquer motivações, não resisto:
Em ver com outros olhos, em sentir com outros sabores, em tentar com outras palavras, em tentar com outros seres, em tentar com outras ações.
Neste caso, não resisto.
(2011)

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Soneto 
Luís de Camões


O fogo que na branda cera ardia,
Vendo o rosto gentil que eu na alma vejo,
Se acendeu de outro fogo do desejo,
Por alcançar a luz que vence o dia.


Como de dous ardores se incendia,
Da grande impaciência fez despejo,
E, remetendo com furor sobejo,
Vos foi beijar na parte onde se via.


Ditosa aquela flama, que se atreve
A apagar seus ardores e tormentos
Na vista de que o mundo tremer deve!


Namoram-se, Senhora, os Elementos
De vós, e queima o fogo aquela neve
Que queima corações e pensamentos.

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Os corpos tem V’s, eu tenho no meu, V’s, triângulos  inacabados sem base ou sem lado. A superfície se olhar bem, verá V’s, retas inclinadas, transversais formadas pelo encontro nos vértices das que vem com aquelas que partem. Ângulos agudos, obtusos, retos, rasos, procure-os.
Vasta vida verde vestida vislumbra versos ventos varridos vidradas vistas voláteis vertidos invertidos...
Formá-los com os membros, V’s na junção dos joelhos, sentar coxas unidas e pés separados, no ajuntamento dos pulsos e as mãos espalmadas.
Vertentes vértebras volume vinho a escorrer aos vales da volúpia.
O tronco na horizontal, V’s nas pernas escancaradas ao alto, no braço semi erguido e o cotovelo apontando o chão.
E quando a mão toca o ombro, uma base, triângulos acabados, e vão surgindo bases, lados, onde não havia, imaginárias ou concretas.
Viu viajou vagou variantes voltas vou e volto.
(2009)

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Soneto
Luís de Camões

Quando a suprema dor muito me aperta,
Se digo que desejo esquecimento,
É a força que se faz ao pensamento,
De que a vontade livre desconcerta.

Assi, de erro tão grave me desperta
A luz do bem regido entendimento,
Que mostra ser engano ou fingimento
Dizer que em tal descanso mais se acerta.

Porque essa própria imagem, que na mente
Me representa o bem de que careço,
Faz-mo de um certo modo ser presente.

Ditosa é, logo, a pena que padeço,
Pois que da causa dela em mim se sente
Um bem que, inda sem ver-vos, reconheço.

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4 comentários:

Unknown disse...

Camões em V's, variantes viciantes


beijo

Vais disse...

Tá valendo, Assis,
visitas Camões V's e vês vale vales valas encostas montes ribanceiras...

beijo também

Anônimo disse...

Mas volte. (LIndos versos, sempre).

Beijos

Roy

Vais disse...

volto, né Roy? :)
e grata sempre as visitas e palavras carinho
besitos

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