Nunca pintei telas, minhas pinturas, desenhos, resumiam-se, e ainda hoje, a papéis, panos, objetos de madeira, garrafas, e na maioria das vezes utilizando ‘riscos’ prontos.
Há uns dez anos, conheci um artista plástico, num dos encontros, levei alguns de meus desenhos e pedi a ele uma opinião, depois de vê-los, disse-me - seus desenhos são limpos. Na época e muito tempo depois, ainda não entendia o que isto significava, ele disse também – você precisa encontrar seu traço. A partir de então comecei a prestar atenção naquilo que poderia identificar como meu traço. Devido às crianças existentes na casa, as paredes fazem às vezes de papel, e numa noite de fevereiro deste ano, peguei um pincel, um potinho de tinta verde e fui até uma delas, do lado de fora – a noite me fascina – comecei a pintar. Quando terminei, lá estava o perfil do cabelo espetado, cru, apenas os contornos verdes na parede. Entrei, e me veio uma poesia, Verdade, já havíamos feito, idéia da amiga e companheira Diva, uma mística com ela.
Há uns dez anos, conheci um artista plástico, num dos encontros, levei alguns de meus desenhos e pedi a ele uma opinião, depois de vê-los, disse-me - seus desenhos são limpos. Na época e muito tempo depois, ainda não entendia o que isto significava, ele disse também – você precisa encontrar seu traço. A partir de então comecei a prestar atenção naquilo que poderia identificar como meu traço. Devido às crianças existentes na casa, as paredes fazem às vezes de papel, e numa noite de fevereiro deste ano, peguei um pincel, um potinho de tinta verde e fui até uma delas, do lado de fora – a noite me fascina – comecei a pintar. Quando terminei, lá estava o perfil do cabelo espetado, cru, apenas os contornos verdes na parede. Entrei, e me veio uma poesia, Verdade, já havíamos feito, idéia da amiga e companheira Diva, uma mística com ela.
Com isso, vieram vários perfis.
A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.
Carlos Drummond de Andrade
5 comentários:
vaizinha querida, como tá bacana seu blog, que "up"!!! sua escrita, gosto bastante, estava sumida, sem ler nada, mas dei uma olhada e gostei demais, como você é forte e delicada nas entrelinhas! beijo querida. adoro quando vc lê meu blog.
Perfil, perfis; traço, traços; tudo, tudos. Abraço, abraços: a noite também me fascina.
Viu como é bom experimentar? Continua nesse caminha, Vais.
O poema é lindo. A noite também.
Beijo pra você.
Vais, querida,
fiquei pensando no que você disse: "o rato não me dá a leveza de um lápis ou um pincel". Também sinto isso. Se tivesse um escaner, gostaria de desenhar a lápis e pincel e depois escanear pra publicar no blogue. mas também me divirto desenhando com o paint e experimentando efeitos. O problema é que esse danado do rato nem sempre me obecedece e o traço não sai como eu quero mas felizmente eu conto com a ajuda do acaso, que me apresenta surpresas bacanas e eu aproveito!
;-)
Beijão.
Putz, Vais! É assim que se faz!
Postar um comentário