“As bocas fecharam no silêncio das
árvores.”
“O calor adormecido no aquário da
linguagem.”
(Jorge Pimenta)
para Jorge Pimenta
O aquário da
linguagem: as bocas, as mãos, os corpos
nas bocas, nas mãos, nos corpos.
O silêncio dos aparelhos, do vento, da noite, do
dia deserto, do sussurro
Saliva e suores do silêncio úmido adormecido.
No aquário faz adormecer as bocas, as mãos, os
corpos
em escaldante cansaço
as glândulas sêcas
as linhas rachadas
os membros inertes.
(out/2010)
porque somos as mudanças das estações, somos as
fases da lua. o tempo passa e sobrevoa a terra, os montes, as matas, as águas,
os corpos, e novamente a terra. o vento carrega as folhas, leva-traz, movimenta
as ondas. porque somos o corte que sangra e a palavra só, já não basta. muitos
olhos cegos brilham por verdes papéis e não pelo vivo verde, muitos ouvidos surdos
só ouvem o tilintar metálico e não os acordes melodiosos. mas as mãos lutam por
levar o perfume da primavera às narinas, lutam por levar a maciez das pétalas
orvalhadas à face. o toque, o toque... estendo os braços abertos e sinto nas
pontas dos dedos o calor, o frio, o vento, as batidas pulsando, pulsando...
(set/2012)
O Som!!!!!
Dulce Pontes – Ondeia-Agua
4 comentários:
bela homenagem ao sumido Jorge,
beijo
valeu, Assis!
e salve, Jorge!
beijinho
"quando falo demais começo a separar-me de mim e a ouvir-me falar. Isso faz com que (...) sinta demasiadamente o coração" - fernando pessoa
há momentos em que até o farol tem de se desprender do mar para saber quem é...
beijo, vais e obrigado pelo carinho! um abraço ao assis a quem peço desculpa por um silêncio já longo e que não mitiguei em palavras.
que bonito!
é um prazer!!!!
:)
beijo, também
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