Duas poesias dela, que trouxe do poesianaveia.
Sou vida
Carrego no peito um coração que pulsa e uma esponja que suga o mundo.
Sou celeiro dos pedaços colhidos ao longo das trilhas percorridas
: fruto das escolhas feitas na bruta certeza de estar aqui.
Por vezes, sou os fragmentos juntados.
Só assim existo.
Despedacei-me tantas vezes fossem necessárias e tantas outras erigi o molde mim.
Fui correnteza bravia arrastando anseios guardados em ermos espaços
: meu e de outros.
Também laguna,
quase isso e aquilo.
Agridoce, já fui.
Ave faminta em jardins de esperanças, suguei o néctar de cada flor para nutrir ilusões.
Experimentei misturas que brotam no seio vida.
Fui vida.
E porque ousei ser e não ser
[negando a homogeneidade de meus contornos]
suplantei vicissitudes.
Hoje sou paiol.
Pulsante, sorvo a concretude liquefeita,
absorvo e regurgito ais, alegrias.
Sou vida.
(Fernanda Passos)
(Fernanda Passos)
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Densidade Poética
I
Sou densa - mercúrio
peso de anseios
carmim/visceral
passional/efêmera
Brisa a bailar
noturna/soturna
lua cheia de tudo
fase qualquer
Fractal ordenado
caótica massa
liquidez meu interior
que
: decantado
canta
a arte
na poesia
que brota
brota
II
E faço versos
enredos/descaminhos
desconexos/lógicos
na poesia
todo desordenado
ordenada desordem
mostra do sentir
absurdo/claro
ambíguo/metafórico
na poesia, amigo
só a verve
[que irradia na ponta da língua /fantasia]
transmutada em loucura/sã
no grito do poeta.
(Fernanda Passos)
2 comentários:
viscerais,
beijo
"E faço versos
enredos/descaminhos
desconexos/lógicos"
e a poesia desprende-se do conceito para ser, ela mesma, aquele que nomeia e o nomeado.
beijinho, vais!
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