segunda-feira, 23 de abril de 2012

“eu adoraria mudar o mundo”



mas como não posso fazê-lo, que ele não me deturpe.

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Mário Quintana - Canção do fundo do tempo(trecho final)
(...)
Longe andava o meu olhar.
Longe andava...
Por trás dos muros do tempo,
As pessoas que eu amava
Amaram-se entre si.





Um Som!!!!!
Ten Years After -  I'd Love To Change The World


Ficava parada, sempre naquela mesma esquina, naquele mesmo horário, pelas mesmas horas, a esperar, sem o tédio das esperas.
Dia ou outro, vez ou outra, algum inédito, mas sempre os mesmos, as mesmas pessoas.
Se habituaram da minha presença, se acostumaram a me ver em pé escorada na aresta, ou sentada no meio fio vendo os automóveis passando, depois de esperarem sua vez.
Não me viam mais como uma estranha ao abraçar o poste da placa PARE.
Foi assim por anos.
Nos vimos envelhecer, as rugas, os cabelos brancos,...
Outros não mais vieram e sabia de suas mortes, suas mudanças quando, encostada ou sentada ou abraçada, ouvia as conversas dos que esperavam a travessia ou o seguimento após as despedidas.
Os cachorros cheiravam meus pés, minhas pernas sem receios, os gatos se vinham e pouco se enroscavam em meus tornozelos, os pardais e as rolinhas bicavam restos por ali.
Porém, um dia, sempre tem o porém de um dia, não fui mais àquela esquina, não fiquei mais escorada na aresta nem sentada no meio fio nem abraçada ao poste, não mais me viram e não os vi mais.
Quando não mais me viram se perguntavam e deram de conversar entre si, coisa que até então não se via entre estranhos naquela esquina, mesmo sendo os mesmos e as mesmas de sempre e algum inédito dia ou outro, vez ou outra.
_ Será que ela morreu?
_ Será que se mudou?
_ Será que finalmente veio quem ela esperava?
_ O que ela esperava?
_ Quem ela esperava?
_ Por que nunca trocamos uma palavra com ela?
_ Mas, ela também nunca nos cumprimentou, nunca trocou uma palavra?
_ O que terá acontecido?
Até aquele morador da praça que a tudo via o que se passava naquela esquina, foram lhe dirigir a palavra, mas ele só olhava e balançava a cabeça.
Neste dia em que não mais apareci, o tal morador foi ao jardim da praça e pegou uma muda, um broto, com as mãos pegou a terra e encheu um balde velho e rachado que achou jogado no lixo e plantou a muda e aguou e levou até à esquina deixando lá.
Os mesmos e as mesmas viram aquilo, parados, olhando.
No outro dia a falta de minha presença já não era tanta, pois havia ali no lugar um ‘vaso’, é certo que ele não escorava, não sentava nem abraçava, mas havia ali naquele balde velho e rachado, vida que crescia, vida que daria flores, e que, quem sabe frutos? Mas isto eles não sabiam, teriam que esperar pra ver.
E aquelas mesmas e aqueles mesmos se incumbiram de cuidar daquele broto, e sempre que por ali passavam, passaram a dedicar um aceno, uma água, um cumprimento, um fertilizante, um carinho à vida que crescia. 


quarta-feira, 18 de abril de 2012

um som, ainda


um som!!!

The Rolling Stones - Miss You

Ao som das esferas rolando morro abaixo. No asfalto descendo lisas, nos blocos de pedras quicando, na terra batida um rastro de poeira.
Minha cabeça, uma delas, na encosta gramada rolando, rolando, rolaaannndo. Macio, macio. O atrito, o atrito. Puxa a velocidade pelos cabelos. Desce e para na planície perto da pedra que rodeia o jardim. De nariz a cheirar a umidade da terra, uma esfera cabeça de pedra cabeluda. Meu código.
 DNA daqui



aqui, Cazuza, Ney


O que foi

Quero voltar, só que bem lá no fundo algo se perdeu.
Achei o que era pra ser descoberto, depois de tantos esforços e tantos quereres, sei que não dou pra ser.
A gaveta, a parede, o chão, o cimento,...
Não amenizo a concretude dos objetos.
Mesmo que na suavidade do ar, mesmo que na água orvalhada, gotículas pela madrugada, na verdade nunca era pra ser aquele sorriso leve e suave.
Já me disseram que tenho os olhos tristes, que há tristeza no meu olhar, e é causa desta tristeza que não consigo, já tentei, eu juro, mas não sai, porém não desisto, vou exercitando e experimentando.

 Ney Matogrosso - Poema 


Sigo na continuidade de ajuntar palavras, não como, fosse outra, talvez sim, mas não, não, não é assim que funciona.
Tão calada, alienada era.
As palavras entravam por um e saiam por outro, dizia o pai.
Na lembrança o Piaget e o cachorro salivando.
Dona Elza da Geografia colocou apelido, avoadora 1 ou avoadora 2, mas dava a colorir mapas e ficava queimando ao sol, tal qual uma roupa quarando.
De frente, e a vó Bioua:
_ Deeeeca! Sai do sooool! Tá queimando a carinha!
De costas, e a vó Bioua:
_ Deeeeca! Sai do sooool!  Vai cozinhar os rins!

Ney Matogrosso - Porque que a gente é assim?


A suavidade das manhãs vendo o céu se esvaindo da escuridão da noite, dando lugar ao azul.
O sol nasce na região oposta, esta coloração não me chega.
Daqui pelo asfalto, quase sempre, miro o poente, amarelo, laranja, vermelho, rosa, roxo, violeta, vermelho, ver me hei o veio elo.
O sol se indo, o claro azul, as condensações alvas que se tonificam, rosa amarelo, roxo, laranja, vermelho, violeta, até que toda a imensidão negra fica, coberta de pontas que brilham.

E ainda é.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Um Som!!!!


Nas arrumações peguei este vinil e deu vontade de ouvi-lo(só que não rolou por falta da radiola). Ganhei de presente em abril de 1999 de um querido companheiro, Zé Monteiro, amante  da cultura latino-americana e conhecedor desta nossa América Latina.



DISTANCIAS é um disco feito com poemas do porto riquenho Juan Antonio Corretjer que foram musicalizados por Roy Brown, Jose Gonzales e Miguel Cubano.



 


Esta que vai Oubao - Moin com Roy Brown, na contra capa do vinil tem escrito sobre ela:


"Así llamaban los caribes a la isla de Puerto Rico. Significa isla de sangre. El poema se alteró para su musicalización. És más largo. Oubao - Moin forma parte del poema major de Juan Antonio, Alabanza a la Torre de Ciales, publicado en 1950."


El Sonido!!!
Oubao - Moin - Roy Brown



domingo, 1 de abril de 2012

não é mentira

E continuando um pouco sobre ardido nos olhos, este vídeo que  vai é de arder não só os olhos mas de colocar o corpo em chamas desde as mais profundas entranhas até todos os fios que saem dos poros.
Golpe é golpe e muitos e muitas comemoram a data do golpe, uma data que trouxe ao Brasil as trevas. 
Como é difícil tentar controlar todo o ódio, todo o nojo, todo o desprezo, toda a repulsão e encontrar diante de todos estes sentimentos que gritam uma argumentação lógica, racional, terna sim, contrária, para combater toda atrocidade.


O dia que durou 21 anos

A tormenta que se tornou

A vontade é ir preenchendo as tantas linhas vazias com toda manifestação das emoções que se dão, afloram e transpiram, ocupando de rab...