Nossos caminhos são os caminhos da água.
Nosso mundo é o mundo da água."
Assim vou construindo minhas agendas.
Esta é presente que ganhei final do
ano passado. Nela, a Júnia, pequena que cresce Liz, me ajudou a fazer as
adaptações, riscos nos dias e atualizações, só que passou batido o fevereiro
bissexto, daí, novos riscos. Não sei até que ponto os escritos coincidem com o
ato.
09/01/12
A passos lentos a buscar palavras na
madrugada da noite, no céu no mar, nas condensações borbulhantes. Ondas e
tufos. As pedras no jardim. O canto assoviado do vento no bico dos corpos
emplumados de vôo embicado, adentra onde pulsa vida: terras, encostas,
barrancos, ribanceiras.
10/02/12
Hoje, mais que em qualquer outro tempo
da minha caminhada, tenho com maior compreensão e mais desprendimento a
capacidade de afirmar da imperfeição racional do ser humano, de nós. Vejo meu
reflexo todos os dias no espelho, então não tem convenientemente e
hipocritamente você, ele, elas, tem é nós, nós e nós. E como existem
intrinsecamente e escolhidamente (por escolha própria) as diferenciações, tenho
motivos para orgulhar e acreditar no porvir.
Na natureza as leis são imutáveis. A
natureza não pensa. A natureza é perfeita e não há ser humano que mude isto.
Escolhi colocar duas crianças neste
mundo, não vieram habitar meu corpo só por minha obra, mas a escolha de
trazê-las foi minha – o corpo é meu, os seios são meus, e dar de mamar por
quase dois anos a cada uma delas foi das melhores experimentações.
12/03/012
Hoje, desta vez, me vejo, não aquele
mar imenso, mas um rio. Um riozinho, um regato, riacho que corre atrás da
encosta, segmento da cachoeira que nasce lá na ponta e desce em cascata que me
forma e me leva. Manso e cristalino nas estiagens, turvo e barrento nas
chuvarradas.
Minhas moléculas são de beber, dizem
água doce, deve de ser porque a outra é salgada, mas só água de beber já dava,
só que água doce vira poesia e sigo na direção de me misturar. Vou por cima e
entre as pedras grandes, médias, pedregulhos e cascalhos. Às minhas margens
bois, vacas e outros animais me bebem, sugam, saciam em mim sua sede. Girinos,
pequenos peixes, outros seres me habitam, uma infinidade de microorganismos,
todos irracionais.
Quem são os racionais que me matam?
8 comentários:
d'água sois,
beijo
d'água somos
beijinho, Assis
já tentei várias vezes ter agendas, mas nunca escrevo ou marco nada nelas...
sê água, que tudo contorna, até a pedras mais dura
beijo
tão lindos esses textos, querida! tão cheios de sentimentos teus... tão teus...
beijo grande!
funciono na ordem das coisas desordenadas. talvez por isso ache tanta piada a agendas, moleskines e diários. curioso, mesmo, é que tenho os três, mas não é lá que funciono... aliás, será que em algum lugar me sei a funcionar? :)
beijo, vais!
Não tenho conseguido muito
Queridas, Laura e Sandrinha, querido Jorge,
agradeço, meninas e moço, as presenças, as considerações, as leituras e comentários de vocês aqui
assim: gosto de vocês ♥♥♥
beijos carinhosos
datar poemas é tão bonito
dividir o tempo em poemas é mais bonito ainda
contar a cada dia a sua história é maravilhoso
(o último não parece data: "12/03/012")
adoro números os detalhes deles.
beijo
Dani, você me chega toda linda!
tocante seu comentário, grácias
o dia e suas 24 horas que tanto podem dar um verso, um poema, um conto, um livro
e este zero a mais no ano não tinha reparado, passou batido
neste instante escrever que também sou chegada num detalhe não por força, mas mais sei lá porque, fica um pouco estranho, né - foi um zero materializado :)
e os números fascinam
Beijo, querida Dani
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