quarta-feira, 21 de março de 2012

Nesses primeiros meses


AGENDA COPASA 2011(risco 2012)

"Nossos dias são os dias da água.  
    Nossos caminhos são os caminhos da água.
Nosso mundo é o mundo da água."


Assim vou construindo minhas agendas.

Esta é presente que ganhei final do ano passado. Nela, a Júnia, pequena que cresce Liz, me ajudou a fazer as adaptações, riscos nos dias e atualizações, só que passou batido o fevereiro bissexto, daí, novos riscos. Não sei até que ponto os escritos coincidem com o ato.


09/01/12
A passos lentos a buscar palavras na madrugada da noite, no céu no mar, nas condensações borbulhantes. Ondas e tufos. As pedras no jardim. O canto assoviado do vento no bico dos corpos emplumados de vôo embicado, adentra onde pulsa vida: terras, encostas, barrancos, ribanceiras.

10/02/12
Hoje, mais que em qualquer outro tempo da minha caminhada, tenho com maior compreensão e mais desprendimento a capacidade de afirmar da imperfeição racional do ser humano, de nós. Vejo meu reflexo todos os dias no espelho, então não tem convenientemente e hipocritamente você, ele, elas, tem é nós, nós e nós. E como existem intrinsecamente e escolhidamente (por escolha própria) as diferenciações, tenho motivos para orgulhar e acreditar no porvir.
Na natureza as leis são imutáveis. A natureza não pensa. A natureza é perfeita e não há ser humano que mude isto.
Escolhi colocar duas crianças neste mundo, não vieram habitar meu corpo só por minha obra, mas a escolha de trazê-las foi minha – o corpo é meu, os seios são meus, e dar de mamar por quase dois anos a cada uma delas foi das melhores experimentações.

12/03/012
Hoje, desta vez, me vejo, não aquele mar imenso, mas um rio. Um riozinho, um regato, riacho que corre atrás da encosta, segmento da cachoeira que nasce lá na ponta e desce em cascata que me forma e me leva. Manso e cristalino nas estiagens, turvo e barrento nas chuvarradas.
Minhas moléculas são de beber, dizem água doce, deve de ser porque a outra é salgada, mas só água de beber já dava, só que água doce vira poesia e sigo na direção de me misturar. Vou por cima e entre as pedras grandes, médias, pedregulhos e cascalhos. Às minhas margens bois, vacas e outros animais me bebem, sugam, saciam em mim sua sede. Girinos, pequenos peixes, outros seres me habitam, uma infinidade de microorganismos, todos irracionais.
Quem são os racionais que me matam? 

8 comentários:

Unknown disse...

d'água sois,

beijo

Vais disse...

d'água somos

beijinho, Assis

Anônimo disse...

já tentei várias vezes ter agendas, mas nunca escrevo ou marco nada nelas...

sê água, que tudo contorna, até a pedras mais dura

beijo

o refúgio disse...

tão lindos esses textos, querida! tão cheios de sentimentos teus... tão teus...
beijo grande!

Jorge Pimenta disse...

funciono na ordem das coisas desordenadas. talvez por isso ache tanta piada a agendas, moleskines e diários. curioso, mesmo, é que tenho os três, mas não é lá que funciono... aliás, será que em algum lugar me sei a funcionar? :)

beijo, vais!

Vais disse...

Não tenho conseguido muito

Queridas, Laura e Sandrinha, querido Jorge,
agradeço, meninas e moço, as presenças, as considerações, as leituras e comentários de vocês aqui

assim: gosto de vocês ♥♥♥

beijos carinhosos

dani carrara disse...

datar poemas é tão bonito
dividir o tempo em poemas é mais bonito ainda
contar a cada dia a sua história é maravilhoso

(o último não parece data: "12/03/012")

adoro números os detalhes deles.

beijo

Vais disse...

Dani, você me chega toda linda!
tocante seu comentário, grácias
o dia e suas 24 horas que tanto podem dar um verso, um poema, um conto, um livro

e este zero a mais no ano não tinha reparado, passou batido

neste instante escrever que também sou chegada num detalhe não por força, mas mais sei lá porque, fica um pouco estranho, né - foi um zero materializado :)
e os números fascinam

Beijo, querida Dani

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