domingo, 31 de outubro de 2010

Vencemos esta batalha!

(vencemos em Minas Gerais)


500 anos esta noite
Pedro Tierra

Brasília, 31 de outubro de 2010


De onde vem essa mulher
que bate à nossa porta 500 anos depois?
Reconheço esse rosto estampado
em pano e bandeiras e lhes digo:
vem da madrugada que acendemos
no coração da noite.

De onde vem essa mulher
que bate às portas do país dos patriarcas
em nome dos que estavam famintos
e agora têm pão e trabalho?
Reconheço esse rosto e lhes digo:
vem dos rios subterrâneos da esperança,
que fecundaram o trigo e fermentaram o pão.

De ondevem essa mulher
que apedrejam, mas não se detém,
protegida pelas mãos aflitas dos pobres
que invadiram os espaços de mando?
Reconheço esse rosto e lhes digo:
vem do lado esquerdo do peito.

Por minha boca de clamores e silêncios
ecoe a voz da geração insubmissa
para contar sob sol da praça
aos que nasceram e aos que nascerão
de onde vem essa mulher.
Que rosto tem, que sonhos traz?

Não me falte agora a palavra que retive
ou que iludiu a fúria dos carrascos
durante o tempo sombrio
que nos coube combater.
Filha do espanto e da indignação,
filha da liberdade e da coragem,
recortado o rosto e o riso como centelha:
metal e flor, madeira e memória.

No continente de esporas de prata
e rebenque,
o sonho dissolve a treva espessa,
recolhe os cambaus, a brutalidade, o pelourinho,
afasta a força que sufoca e silencia
séculos de alcova, estupro e tirania
e lança luz sobre o rosto dessa mulher
que bate às portas do nosso coração.

As mãos do metalúrgico,
as mãos da multidão inumerável
moldaram na doçura do barro
e no metal oculto dos sonhos
a vontade e a têmpera
para disputar o país.

Dilma se aparta da luz
que esculpiu seu rosto
ante os olhos da multidão
para disputar o país,
para governar o país.
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Mas estas realidades haverão que mudar, ainda mais.


>Paulo Freire: O andarilho da Utopia<
Um trecho do cd, da parte 1.

Narrador:
As idéias de Paulo Freire estavam sendo amoldadas, com muita observação e com o auxílio de sua grande comoção diante do sofrimento humano. Como por exemplo neste depoimento em que Paulo Freire descreve o encontro com um homem nordestino, um diálogo sobre a violência familiar, especialmente com os filhos e suas consequências para o aprendizado.

Pulo Freire:
E ele dizia, eu vou por exemplo, eu vou querer fazer umas comparações entre como o doutor vive e como nós vivemos, para explicar toda esta questão de bater em filho, de dialogar com filho. Então, você sabe muito bem , então, o senhor tem, a sua casa deve ter mais um quarto muito bom para o senhor e sua mulher, deve ter dois quartos grandes onde deve dormir as três meninas, quer dizer, uma pode dormir, a mais velha, num quarto só, as outras dormem no outro quarto, e o terceiro quarto dorme os dois meninos, dorme os dois meninos. Então, o senhor deve ter um quarto para os seus livros, o senhor é um doutor, tem que ter livro, os seus livros… Tem uma boa cozinha, o senhor deve ter um chuveirinho elétrico, tem uma sala boa para comer. Os meninos tem comida, tem leite, tem roupa, tem médico, agora o senhor, se o senhor não tiver diálogo com seus meninos, o senhor não merece respeito nenhum.
Agora, como é que nós moramos, numa casa que tem um quarto só, que é tudo, é banheiro, é sala, é quarto de dormir, é tudo, com os cachorros misturados. Quando nós chegamos em casa às dez, oito horas da noite, sete horas da noite, os meninos estão endiabrados, porque não comeram bem, estão sujos, não tem água para tomar banho, porque a gente não tem banho, não tem chuveiro elétrico, a gente não tem água assim, solta em casa. E os meninos estão com fome, chateados, cansados, aborrecidos e impertinentes, e nós não pudemos deixar de dormir, porque no dia seguinte às quatro horas da manhã, a fábrica apita para acordar o bairro inteiro.
E aí, dizia ele, agora como é que o senhor vai querer que com uma situação como esta, a gente tenha o diálogo que o senhor quer?
Quer dizer, ele me fez naquela noite, uma análise de classe, que eu não teria sido capaz de fazer.









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E é só assim que conseguiremos. Cantando e lutando junt@s.





El Pueblo Unido Jamás Será Vencido
(Quilapayún - Sergio Ortega)

El pueblo unido, jamás será vencido,
El pueblo unido jamás será vencido...
De pie, cantar
Que vamos a triunfar.
Avanzan ya
Banderas de unidad.
Y tú vendrás
Marchando junto a mí
Y así verás
Tu canto y tu bandera florecer,
La luz
De un rojo amanecer
Anuncia ya
La vida que vendrá.
De pie, luchar
El pueblo va a triunfar.
Será mejor
La vida que vendrá
A conquistar
Nuestra felicidad
Y en un clamor
Mil voces de combate se alzarán
Dirán
Canción de libertad
Con decisión
La patria vencerá.
Y ahora el pueblo
Que se alza en la lucha
Con voz de gigante Gritando:
¡adelante!
El pueblo unido, jamás será vencido,
El pueblo unido jamás será vencido...
La patria está
Forjando la unidad
De norte a sur
Se movilizará
Desde el salar
Ardiente y mineral
Al bosque austral
Unidos en la lucha y el trabajo
IránLa patria cubrirán,
Su paso ya Anuncia el porvenir.
De pie, cantar
El pueblo va a triunfar
Millones ya,
Imponen la verdad,
De acero son
Ardiente batallón
Sus manos van
Llevando la justicia y la razón
Mujer
Con fuego y con valor
Ya estás aquí
junto al trabajador.

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Até a Vitória, Sempre!
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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Estivemos nas praças esta tarde, levando as meninas, em caminhada, junto às companheiras, aos companheiros, valoros@s, lutador@s do povo para eleger Dilma dia 31, e ainda tivemos o prazer da presença do companheiro João Pedro Stédile do MST.
Há de ser ela!
Junto conosco, militantes, trabalhadoras e trabalhadores, para o nosso querido Brasil seguir mudando.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

A agenda havia ficado no quarto
Não dava pra ir lá buscar
E continuar o quê escrevia
A sequência fora interrompida

Então...

Às costas de uma adedanha
Onde quase no centro
Um risco de pincel azul escuro

Num outro momento
Pensava na poesia

Como poderia?
Caberia?
Traduzir em belos versos
Uma angústia não de todo desesperante?
Pensei que não, não caberia.

Teria na construção
Uma composição
Com rimas sem rimas
Versos de lábios
Canto a canto das orelhas

Aí, sim.

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Querendo ler a segunda parte do texto Para quando a África? do Professor Halem do sinistrasbibliotecas, é só clicar Para quando a África? (2)

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Outra leitura que vale:

Em carta aberta, Theotonio dos Santos acerta as contas com FHC

http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=140120&id_secao=1

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terça-feira, 12 de outubro de 2010

Trouxe esta do Professor Halem do sinistrasbibliotecas.




"A revolução é o inverso do existente. É não só virar a página, mas mudar o dicionário".
Joseph Ki-Zerbo
As notícias sobre a África, nos grandes veículos de comunicação de massa brasileiros, tratam, geralmente, de dois únicos assuntos: a fauna da região (de fato, impressionante) ou o persistente estado de guerra em alguns de seus países. Durante a Copa do Mundo de Futebol deste ano, disputada na África do Sul, esperava um retrato mais ampliado do continente. Mas não foi o que vi (nem li) naquele período.
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Por isso, considero fundamental a publicação de livros como este que acabei de ler: Para quando a África?*, resultado de longa entrevista feita com o historiador Joseph Ki-Zerbo. Nascido no Alto Volta (atual Burkina Fasso ou Burkina Faso), Ki-Zerbo desempenhou papel relevante nos campos educacional e político em diversos países africanos, como Senegal e Mali, entre outros. Tendo feito seus estudos na Sorbonne, o historiador foi dos primeiros, nas décadas de 1960-1970, a retomar o esforço de produzir, para as ciências sociais em geral, um conhecimento menos etnocêntrico, até então (e é necessário que se diga, ainda hoje) dominado por europeus e norte-americanos. E eis aí outro motivo para a leitura de livros como esse: dar ouvidos a intelectuais de peso fora do eixo EUA-Comunidade Européia.
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Joseph Ki-Zerbo procura compreender o atual estágio - econômico, político e cultural - africano a partir de dois eventos que marcaram, de forma profunda e negativa, a história do continente: o tráfico de escravos durante mais de 350 anos e a condição de colônia, consequência das ações imperialistas deflagradas principalmente a partir do século XIX.
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Pensador assumidamente de esquerda - crítico do modelo capitalista de desenvolvimento "sugerido" a todos os países (pobres ou ricos) -, o historiador burquinense afirma que
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"[...] não se globaliza inocentemente. Penso que dificilmente poderemos ter um lugar na globalização porque fomos desestruturados e deixamos de contar como seres coletivos. Se você comparar o papel da África e dos Estados Unidos, verá os dois pólos da situação na globalização: os globalizadores, que são os Estados Unidos, e os globalizados, que são os africanos. Não sei de que lado você se situa; quanto a mim, eu sei que sou um globalizado. A África, como continente, situa-se mais nesta categoria, porque é uma questão de relação de forças. É a questão de saber se somos sujeitos da história, se estamos aqui para desempenhar um papel na peça de teatro. Na realidade, não há peça onde só há atores principais. Também deve haver figurantes, isto é, como utensílios e segundas figuras para por em destaque os papéis dos protagonistas".
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A desigualdade das trocas culturais entre a África e o "mundo desenvolvido"; a desvalorização e a homogeneização linguísticas; as causas das constantes guerras, o papel do Estado e das formas tradicionais de organização política para o fortalecimento das nações; a importância do conceito de identidade. Esses são alguns dos muitos temas discutidos em Para quando a África?. Retomarei parte deles na próxima postagem. Um, no entanto, considero fundamental: a defesa de uma outra ideia do que significa desenvolvimento. Escreve Ki-Zerbo:
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"[...] é necessário tomar a decisão de reconhecer que é difícil classificar países pelo nível de desenvolvimento. É certo que a Ciência postula, exige mesmo a quantificação. Mas as coisas requintadas, refinadas, são realizadas em muitos países pobres do mundo. Pense na cozinha, no vestuário, no artesanato, na arte ou, ainda, na delicadeza e no refinamento das expressões de certas línguas: são coisas que tornam o homem perfeito, no plano humanista, mas que não podem ser tomadas em consideração na identificação ou na classificação do desenvolvimento".
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* KI-ZERBO, Joseph. Para quando a África? : entrevista com René Holenstein. Rio de Janeiro: Pallas, 2009 [tradução de Carlos Aboim de Brito]

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

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Ligação direta Fios desencapados Metal no metal Uma faísca Uma sinapse As cores atravessaram as retinas Tecidos brancos de cores saídas Sugadas Ou iniciadoras do movimento Um vetor Corredeiras vermelhas Veias, vasos, terminações, tecidos As linhas das bandeiras Descosidas, cruas Os fios tecendo Uma nova tez Outra pele Com a superfície do corpo

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=> Para desgosto o Marcelo, Pirata Zineiro, não está mais navegando com o blogue http://olado-z.blogspot.com/ <=

A tormenta que se tornou

A vontade é ir preenchendo as tantas linhas vazias com toda manifestação das emoções que se dão, afloram e transpiram, ocupando de rab...