Mário Quintana.
Apontamentos de história sobrenatural.
Olho as minhas mãos
Olho as minhas mãos: elas só não são estranhas
Porque são minhas.
Mas é tão esquisito distendê-las
Assim, lentamente, como essas anêmonas do
fundo do mar...
Fechá-las, de repente,
Os dedos como pétalas carnívoras!
Só apanho, porém, com elas, esse alimento
impalpável do tempo,
Que me sustenta, e mata, e que vai secretando
o pensamento
Como tecem as teias as aranhas.
A que mundo
Pertenço?
No mundo há pedras, baobás, panteras,
Águas cantarolantes, o vento ventando
E no alto as nuvens improvisando sem cessar.
Mas nada, disso tudo, diz: “existo”.
Porque apenas existem...
Enquanto isto,
O tempo engendra a morte, e a morte gera os deuses
E, cheios de esperança e medo,
Oficiamos rituais, inventamos
Palavras mágicas,
Fazemos
Poemas, pobres poemas
Que o vento
Mistura, confunde e dispersa no ar...
Nem na estrela do céu nem na estrela do mar
Foi este o fim da Criação!
Mas, então,
Quem urde eternamente a trama de tão velhos
sonhos?
Quem faz – em mim – esta interrogação?
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4 comentários:
Oi Feiteceira Vais:
Às vezes também me pergunto, como o Mário: a que mundo pertenço?
Não este, certamente. No meu, a esperança tinha cores mais vivas e os sonhos eram mais palpáveis.
Um beijo.
(PS: a emoção é mútua. Somos assim, alguns de nós, sentimentais demais...)
Quintana sempre foi uma fonte de inspiração... Beijos.
Místico esse Quintana!
Ou, como diria o João: Sertão, esses mistérios!
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O Mário é fonte pra todos nós, Vais!
Demais! E a Mercedes logo abaixo é maravilhosa!
Beijos.
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