quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

coisas


Carrego dentro muito mais que órgãos, sentidos sentidos expressos guardados, soltos comprimidos, mas não os tomo mais, nem aqueles mensais para as fincadas constantes no baixo ventre, não mais.
Ah, se pudesse entender!
Ah, se me dissessem!
Seria tão mais fácil suportar qualquer dor!
A indiferença é algo terrível.
Muitas questões não mais importam, mas, já tiveram seu valor, hoje não mais. No entanto, elas existiram, existirão e existem, mas não mais a relação. Desencanei, e mesmo na existência, aqui não mais. (jan/2012)

Novamente queria entender, porém, nem uma dita ou escrita, só o silêncio. Nem um som nem um rabisco, nada, tudo no ar parado sem ventos, sem movimentos, sem sombras, um deserto.
Queria entender. Uma luz.
Nem o sol nem a lua em seus brilhos amainam o breu. (fev/2012)

*♥*♥*♥*

São tantos os motivos!
A escrita cursiva em mais uma das tentativas de exercitar o outro lado, o oposto, mas a intenção é interrompida, pois a sequência se perde, então continuo sem razão e penso: teria magoado aquela pessoa? Em que momento? Fico triste por não conseguir identificar. Estarei tão alheia ou tão absorta que tudo me foge às percepções?
Ando sublimando sentimentos, porém antes do próximo ato, a primeira experimentação é dolorida, depois a transferência.
Assistimos ao filme que conta da magia em meios aos marcadores.
Minhas noites são povoadas de sonhos. Nalgumas manhãs acordo e peço mais cama, parece que passei a noite em claro vivendo e experimentando. Sonho toda noite e se cochilo, sonho.
Não preciso de espelho para ver minhas costas, posso vê-la em todos os detalhes e que dirá qualquer outra parte.
Participando ou não, expectadora sempre. De uma cena a outra, independente das emoções, só olho e nada posso fazer quando me vejo na agonia, gritando e correndo ao ser perseguida por um cara cheio de ódio, e o que acontece é eu acordar às vezes gritando ou impressionada.
Tinha sonhos com um primo depois que ele morreu, em um deles me vi de cabeça cortada, decapitada e ele um anjo, acordei intrigada.
Troco a caneta de lado para continuar, mas retorno, é o exercício, dou continuidade.
Há anos que ganhei fitas K7 de um colega de trabalho, me deu de presente com Janis Joplin, The Jeff Healey Band, Neil Young e Jethro Tull. O tempo passou e nos distanciamos. Não faz tanto, poucos anos atrás danei a escutar as fitas – vou procurá-lo, mas deixava. Em uma noite sonhei com ele, estava com uma namorada muito bonita e envolto de uma luz dourada, estava bem e feliz – tenho que procurá-lo. Liguei para a casa onde vivia com a família e conversei com a mãe e pedi para falar com ele. E ela, você não sabe? Neste mês completa um ano que ele morreu. Morreu dormindo. Chorei tanto, e sinto tanto.
Tem uma música, Say Say Say com Michael Jackson e Paul McCartney, todas as vezes que a ouço me faz lembrar de um sonho antigo, ainda moça e jovem.
Uma pracinha de uma pequena cidade no interior, uma pequenina pracinha conjugada à rodoviária da cidade. Nesta pracinha um grande pé de ficus dá sombra aos bancos de concreto com encosto. Saio de casa, próxima à pracinha, e vou andando em sua direção pela rua calçada de pedras e já ouvindo, say, say, say que vinha do ar. Em um dos bancos estava lá um rapaz sentado na parte alta do encosto, não era um rapaz conhecido.
Não me lembro se houve chamado ou se fui eu que cheguei, se houve conversas, só tenho na lembrança o rapaz, a música tocando vinda do ar e o beijo, um único beijo. E não tenho como esquecer, é só escutar a música.   (fev/2012)

6 comentários:

Anônimo disse...

somos muitos mais que o nosso próprio peso, acresce sempre o passado

beijinho
LauraAlberto

Vais disse...

É, Laura, o passado é a história que carregamos e que também nos faz, mesmo que em determinados já não o seja mais

beijinhos com carinho

Unknown disse...

que história: lembrou esta canção:


Yo tengo tantos hermanos
Que no los puedo contar
En el valle, la montaña,
En la pampa y en el mar
Cada cual con sus trabajos
Con sus sueños cada cual
Con la esperanza delante,
Con los recuerdos detras
Yo tengo tantos hermanos
Que no los puedo contar

Gente de mano caliente
Por eso de la amistad
Con un lloro pa' llorarlo
Con un rezo pa' rezar
Con un horizonte abierto
Que siempre esta mas alla
Y esa fuerza pa' buscarlo
Con tezon y voluntad.

Cuando parece mas cerca
Es cuando se aleja mas
Yo tengo tantos hermanos
Que no los puedo contar.
Y asi seguimos andando
Curtidos de soledad
Nos perdemos por el mundo
Nos volvemos a encontrar.

Y asi nos reconocemos
Por el lejano mirar
Por las coplas que mordemos
Semillas de inmensidad.
Yo tengo tantos hermanos
Que no los puedo contar

Y asi seguimos andando
Curtidos de soledad
Y en nosotros nuestros muertos
Pa' que nadie quede atras.

Yo tengo tantos hermanos
Que no los puedo contar
Y una hermana muy hermosa
Que se llama libertad



beijo

Vais disse...

Nossa, Assis,
que lembrança mais boa, esta canção é tão bonita, fiquei emocionada, grácias, moço

adoro você

beijinho

Jorge Pimenta disse...

lembrar alguém pela música, pela cor dos lábios e pelo sabor do seu beijo. haverá felicidade maior? não, a memória jamais morre...

beijinho, vais!

Vais disse...

é mesmo, Jorge, uma felicidade determinadas lembranças, dão um prazer danado, e pode passar o tempo que a memória não morre

beijinho

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