quarta-feira, 2 de novembro de 2011

um livro e um pedaço do prefácio, uma letra

Edição comemorativa de 30 anos de publicação em homenagem aos 90 anos do nascimento de Paulo Freire.


um trecho do prefácio:


Prefácio à nova edição

Ana Maria Araújo Freire
(...)
        É oportuno lembrar que para Paulo não havia dicotomia entre pensar e sentir. Ele foi mais longe nessa percepção – hoje em dia, aceita como verdade pelos cientistas das teorias da cognoscibilidade. Sempre afirmava que não pensava com a cabeça, mas com o corpo inteiro. “É o meu corpo inteiro, sensível, que me anuncia que há algo sobre o qual devo pensar no momento em que os meus pelos se arrepiam, o sangue corre rápido em meu corpo me ruborizando e sinto bater forte o meu coração. Esses são os sinais no e do meu corpo de que há algo em que devo pensar e me preocupar. É o meu corpo consciente que está me alertando, me dizendo: ‘Paulo, incida a sua reflexão crítica neste fato, neste evento, neste fenômeno’.”
        Essa comunicabilidade extrema percebida, constatada e gerada dentro de seu próprio corpo físico – que o torna também um corpo consciente desse diálogo dele com ele mesmo, que fez “transformar” seu corpo físico em corpo consciente – que Paulo generalizou e colocou como categoria de suas análises para propor o diálogo como princípio fundante para a transformação do mundo.
        Se não fora o corpo consciente, o que explicaria a sabedoria popular do homem e da mulher nordestinos, se eles e elas “apenas” sabem porque sentem? Que explicação poderíamos dar sobre o saber tanto – e muitas vezes com acuidade quase acadêmica – dos que não foram à escola, se não houvesse essa comunicabilidade corporal intrínseca aos seres humanos? O diálogo que a cultura pode despertar em quem quer conhecer o mundo por meio do que o corpo apreende e lhe diz através de emoções, sentimentos e intuições? O “homem da vara” que descobre os veios d’água há centenas de metros abaixo da terra? O “matuto nordestino” que advinha se vai chover ou não pelo canto dos pássaros? Como explicaríamos esses e outros saberes de quem quase sempre sequer sabe ler e escrever a palavra? Como sabem ler o mundo se não leem a palavra? Não há dúvidas de que o corpo consciente ensina e propicia a possibilidade de dizer a palavra feita pela leitura de mundo, mesmo que lhe falte a chancela da Verdade, pois ela é intuitiva, nasce dentro dos corpos que apenas sabem o que lhes ensina a experiência, a vida em comunidade, o senso comum.
(...)

(****A Júnia fofa Liz quis ditar e eu digitei.*****)


*************************

Uma letra!!!!!

O pouco que procurei não encontrei a canção para podermos ouvir por aqui, o que dará pra curtir será somente a letra. 

Em cada canto...
Foka Senna

Cá nesse canto do mundo
A ironia, vira poesia
E vai pra rua ajudar

A contestar um sistema,
Furam-se filas, partem-se algemas,
Busca-se o novo no ar.

Em cada canto do olho
Um pranto pra derramar,
Em cada canto da boca
Um riso pra gargalhar.

Milhões de versos contando,
Ora um sonho, ora um engano
Que um sonho veio apagar.

No canto esquerdo do peito
Nascem mil sonhos, que viram versos,
Prá um povo inteiro cantar  

Em cada canto do olho
Um pranto pra derramar,
Em cada canto da boca
Um riso pra gargalhar.

10 comentários:

Unknown disse...

adoro estes sonhos insones, como disse raul que nunca se sonha só


beijo

Vais disse...

Eu também, Assis, adoro, e imenso Raul, sonho que se sonha junto é realidade

Beijo, querido Assis

Vais disse...

a tinta na página, verde, a cortina fechada, vermelha, no perfil, uma máscara desenhada. mas há continuidade em assumir papéis neste vasto e limitado palco picadeiro: drama, comédia, suspense, terror, água com açúcar, infantil. e do espelho, ora vaias, ora aplausos, ora gargalhadas, ora lágrimas: tudo depende da atuação. as personagens nem sempre se encaixam, em umas a certeza, em outras o desafio. porém ao final, qualquer que seja, uma reação.

Saudações em todas as línguas e gestos!

Jorge Pimenta disse...

vais,
paulo freire recorda-me de tantas tardes de discussões académicas quando ainda as manhãs tinham dentes de leite :); achávamos que éramos o mundo... pobres tontos...
ai, a memória vence-nos sempre nesta corrida nostálgica!
beijinho!

Vais disse...

Sabe, querido Jorge, se as manhãs não tem mais dentes de leite, que caíram e foram parar no telhado ou num pingente adornando o colo, então que venham os definitivos e de preferência cuidando contra as cáries, porque sem pretensões somos um mundo, talvez tontos sempre e pobres, porque ainda e creio por muito ainda Paulo Freire esteve, está e estará presente, uma fonte inesgotável

Beijos, moço bonito :)

nina rizzi disse...

que beleza, vens e vais. feliz que só com a visita :)

beijos, beijos.

Vais disse...

Ah, Nina! e assim vamos indo e vindo.
também feliz, moça, com sua presença aqui

beijo carinhoso

Cris de Souza disse...

no canto do olho
esquerdo o verso
a ermo se ajeita

...

beijo, queridíssima!

Vais disse...

olha, Cris
seja o esquerdo ou o direito, este teu olhar arrebenta :)))

no canto
melodia do olho
a esquerda um brilho
se ajeita

e vamos brincando, querida moça Cristal

um beijo grande

Anônimo disse...

Conheço a música, pois tenho a alegria de executa-la sempre nas minhas apresentações, grande amigo e professor. Do sou adimirador.

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