Recomeço
Moacy Cirne
Sei do sonho:
procuro tua sombra na
penumbra
da memória líquida
e nada encontro.
A lua não é vermelha
não é violeta
não é verdecoisa
mas
os loucos da madrugada
anunciam as primeiras águas da manhã.
Sei do sonho?
Tua sombra pagã
é um corpo que me foge
das mãos cansadas de espantos
e abismos.
A árvore sonolenta
anoitece os meus delírios.
Não te vejo na claridade
do silêncio.
O sol é um pássaro ferido
na solidão
de meus gestos de meus gritos
e a hora cruviana
é uma graviola
grávida
de aromas e carnes
pronta para ser saboreada.
Sei.
Não foi um sonho.
Como encontrar,
então,
na
arquitetura fluvial
de meus quereres,
as linhas
e curvas
de teu corpo barrento-canela?
Ah, não! Ah, sim!
Existe um
grande sertão
nas veredas da minha paixão.
E eu sei do sonho.
Procuro tua sombra líquida
e nada encontro.
A lua não é verdeluã
mas tua sombra pagã
anoitece os meus delírios.
Como encontrar,
sol e solidão,
a arquitetura colonial de teu corpo fluvial?
Como encontrar,
no silêncio de meus gritos,
tua sombra teus aromas tuas carnes?
Sim,
não.
Tua memória vermelha
é uma sombra grávida de morenezas e reentrâncias
azuis.
Docemente azuis.
Barrentas e azuis.
.
*******************
O Som!!!
.
4 comentários:
Bela e oportuna lembrança, Feiticeira Vais. O professor Moacy está fazendo falta na blogosfera.
Beijo pra você.
Valeu, Simpático!
Com certeza, Jens, que faz falta.
beijinhos, querido
o tango mexe comigo de um jeito a mais...
É demais, né?
beijinhos, moça Cris-tal
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