sábado, 7 de agosto de 2010

(De novo)
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A louca que só ria

Como ela dava gargalhadas!
Risos da loucura do açoite...
Gargalhadas que aterrorizavam
Como só risos encantadores
Ao som das harpas
quebravam taças
de puro cristal.
Nas vitrines
das cristaleiras.
Nas prateleiras
dos guarda-louças.
Finíssimos delicados
Com um piparote
trincavam...
Ao som do agudo
Que tinha em si
A vibração
das sonoras
dos ensandecidos.
E, quando, por bom motivo
Molhava as calçolas
e rasgava os cantos dos lábios.
AH! AHAH! AHAHA! AAAAAAAAAAAAA!!(edelvais nov/2007)

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(Outra vez)
Desabafo
Quero falar do meu cansaço.
– Por que se é ainda nova?
Não aguento mais.
– Você ainda nem começou!
Sim, eu sei, e sei que não quero o difícil e o complicado do real, procuro o mistério.
O MISTÉRIO VIAJANTE DA VIDA!
Ele não está somente na morte, mas na própria existência.
Por que obrigo as ondas vibrarem agressivas e maldosas?
Cansei de medir palavras sobre coisas que nem conheço direito!
Quero berrar:
Porcaria de governos que são financiados pelo poder da força armada e monetária!
Porcaria de governos que não tem no povo sua maior força!
À merda com a dominação do governo estadunidense!
Morte aos dogmas das doutrinas religiosas ou quaisquer outros!
Vomito o imperialismo na cara de todos vocês com endereço certo, e sujo meu vestido copiado da moda londrina.
Choro pelos homens e pelas mulheres deformados em sua infância e que de alguma forma conseguiram e tentam romper com a sequência, mas não choro pelos racionais que se tornaram deformadores de muitas.
Sejam conformados, pequem bastante.
A morte virá de qualquer jeito, basta arrependerem-se no último suspiro e serão salvos.
Por que falaria de coisas boas, como paz, solidariedade, sonhos, amizade, comunitário e sociabilidade?
Isso é coisa do passado, mas dá ibope, há quem goste!
Então podemos usá-las à vontade.
Sim, nós podemos.
E eu posso, sou hipócrita, sou humana.
- Pobre e podre mulher!
Quer ser odiada, mas prefere amar até o dilaceramento!
Eu sou assassina e neste caso talvez não sejamos cúmplices, e são muitos os assassinos e assassinas soltos que nem eu.
A tecnologia foi criada ou descoberta, não importa, ela é usada para destruir e matar.
Culpada, é como me sinto, inferior, não quero comparar-me com outros animais, pois eles nunca se sentirão assim fragilizados diante da condição efêmera da existência, finita para uns, infinita para outros.
Havendo ou não pactos pré-existenciais, passamos uma quantidade de tempo neste lugar com nomes, seres e coisas que se tornam perigosamente controlados por nós, seres humanos.
São nossas regras, nossas leis, nossas racionalidades, nossas vidas ilusórias, nossas doideiras coletivas, mas ainda assim, mesmo sem ver, sabemos que todo dia nascem flores.
Gostaria de não querer me meter mais nas confusões humanas.
“Mas não posso me cansar porque não tenho esse direito!” (frase de um RAP do grupo Face da Morte).

(escrito em 1999 que sofreu uma edição 19-04-13)



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Todas as fitas que tenho gravadas com Janis Joplin, tem esta música, Ball and Chain, nas suas mais variadas interpretações, em estúdio e ao vivo.


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Alimento

Encontrei o fermento, o fertilizante
De acordar o broto adormecido
Mantenho viva em mim
A chama, a brasa
Que me leva
Que me conduz
E depois da descoberta
do jeito de assoprar
Não há volta
Não há desvios
Que me corrompam
Que me seduzam
Que me comprem
Pois existem
As praças, os parques,
os bancos (tábuas com quatro pernas)
As marquises, as encostas
Existe o nada
Que se leva
Existe o todo
Que vai expandindo
(05/08/10)
desenho copiado de uma revista
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Das Virgínias
(Frases de Virginia Woolf)
"Em algum lugar, em todos os lugares, ora escondido, ora aparente no que quer que esteja escrito, está a forma de um ser humano. Se tentarmos conhecê-lo, estaremos preguiçosamente ocupados?"

"Meu próprio cérebro é para mim a mais inexplicável das máquinas - sempre zunindo, sussurrando, voando rugindo mergulhando, e depois se enterrando na lama. E por quê? Para que esta paixão?"

"Luta mental significa pensar contra a corrente, não com a corrente. É nosso trabalho perfurar as bolsas de gás e descobrir as sementes da verdade."

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( Os três últimos parágrafos do texto, Liberalismo, marxismo e hegemonia – alguns pontos para pensar – Virgínia Fontes)

...........Com todo o poder de toda a mídia do mundo, não é capaz de integrar e de incorporar as populações, pois o que produz como sonho é o indivíduo liberal, puro consumidor. No entanto, o que produz como prática são pessoas desgarradas, a cada dia expropriadas de seu saber, de suas condições de existência, submetidas aos ditames de um mercado sem limites.
...........É no interior dessas contradições que somos chamados a lutar, a produzir uma contra-hegemonia. Não para sugerir uma incorporação fictícia, mas para construir praticamente, a partir da massa de trabalhadores, possibilidades de futuro. Para tanto, não nos basta produzir conhecimento. Precisamos também não nos acapararmos dele, e sim socializá-lo. É não se rendermos à imagem fácil de um popular desprovido de cérebro, como alguns gostariam que fosse, mas retomar o desafio de explicar o mundo real e descobri-lo como histórico, contraditório e mutável. Nele, podemos interferir e agir, transformando a vida, de fato. É não só explicar, mas viver com esse popular, participar de sua organização enquanto pensadores-aprendizes, persuasores permanentes, localizar nele e com ele a raiz de onde se pode ser radical de verdade. É nessa rede de associações populares - que já existe, mas está fragilizada pelo predomínio maciço do neoliberalismo e de um associativismo movido a mercado - que se pode encontrar e produzir um “jornal-partido” de outra forma, como expressão dessa vontade coletiva. Não é necessário que seja um único jornal, mas precisamos construir conhecimento para fazer face ao imenso desconhecimento que nos impingem como o possível...
............Exigência múltipla, a nossa: rigor conceitual, rigor na produção do nosso conhecimento e na escolha dos temas, mas paixão pelo que fazemos e pelo futuro que, quem sabe, podemos ajudar a construir. É preciso não deslocar o saber da paixão, como diz Gramsci. É preciso evitar a mentalidade de burocrata da notícia ou do conhecimento, preservando-se o tesão da pesquisa da verdade; é nunca aceitar ser apenas o portador de uma paixão fria e requentada, retórica e dogmática. Conhecimento e paixão podem – e devem – andar juntos.
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=> desenhos feitos por mim

3 comentários:

Vais disse...

heheh,
sou eu mesma, fazendo comentários 'consertativos', é que já ficou grande a postagem.
Em Desabafo, tem uma colocação que hoje é vista com outras palavras do que quando foi escrito, por não ter conseguido, então ficou do jeito que ficou, mas me dou a alterar.
'Gostar de amar' é uma coisa, no entanto, 'gostar de amar até o dilaceramento' é oooouuutra coisa, e isto veio com cheiro de masoquismo, então mudo.

...' sente o amar até o dilaceramento'

beijos

Jorge Pimenta disse...

vais,
acabo de me perder neste teu oceano reflexivo onde tantas e intrincadas questões vais desfiando, ora com ternura, ora com a violência da revolta de que é feita a lâmina da mais pontiaguda das adagas. a ironia maior - e aquela que mais me sensibilizou - é a desconstrução de tudo quanto possa ser considerado correcto para fazeres a apologia do incorrecto... porque a morte virá, em qualquer dos casos.
brilhante o desenvolvimento do raciocínio; belíssimas as ilustrações (da tua lavra).
um abraço de parabéns!

Vais disse...

Olá Jorge,
a ironia, o cinismo, o deboche podem virar corrosivos.
não sei de quantas palavras sou, é que, diante de uns comentários, fico muito de poucas.
heheh, pois é, e além do que

" a reacção de quem lê (o poeta maior, na minha opinião)"

agradecida o comentário, a reação, as palavras

trago o viagens de luz e sombra para por onde vão meus olhos
um beijo

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