segunda-feira, 18 de abril de 2011

O SOM!

2011

17/04
O que me faz vir aqui e despejar meu íntimo nesta página?
Às vezes, o mais profundo da minha miséria mantido em páginas de agendas, em folhas soltas, em pedaços de qualquer papel, antes guardado, tocado só por mim e agora assim exposto aos olhos de quem quiser. É como estar nua ao avesso, pois o nu direito não é nada, é a casca. Estarei viciada em me mostrar? Em troca do quê?

Ontem, sábado, joguei palavras, que seja um semear, o ar um terreno fértil. Tive que falar, articular o maxilar e deixar sair.

(Não era o ano de 1985, não estava na aula de Didática, não era a turma de conhecid@s colegas de tantos anos, não podia mais tremer toda nem gaguejar na apresentação, ao ponto de ouvir da professora, ‘pare, pode sentar!’, quando mal havia começado, o quê, eu nem sabia, e ir buscar minha carteira como sendo meu único universo solto no espaço, minha salvação)

Estava à frente de mães, pais, professoras, funcionári@s, algumas crianças, a direção da Escola, era o momento da avaliação da gestão e fiquei no grupo Dimensão Cooperação e Troca com as Famílias e Participação na Rede de Proteção Social. Estava vestida com a camiseta que eu e as meninas Liz pintamos, pintura de combate à violência sexual de crianças, uma pintura chamando à proteção.

17/02
Estou presa em mim. Não há tele transportes. Vou e volto todos os dias. As grades de nada mais valem. Não é a chuva incessante lá fora. Não são mais os cadeados nem a falta dos recursos aos rodantes. Meu corpo se fechou em mim.

13/02
O que me fez ir? Não sei.
Foi por acaso? Não sei.
Se não foi, por qual propósito? Não sei.
O presente não indica nada, o futuro, não sei, talvez menos ainda.
A curiosidade me dá coceiras. Quero adiantar o tempo, quero cartas, mapas, uma bola de cristal, uma pomada para diminuir o atrito da esfregação de uma célula na outra.

03/01
Tive que sair, largar, afastar, deixar, abandonar fisicamente, fugir por vezes pra voltar e seguir. Encontrar as mesmas ruas, pessoas conhecidas, lugares desconhecidos, aquela mesma cidade. Porém a volta traz outros caminhos, outras pessoas e o contato com os desconhecidos. Tinha de ser desse jeito, se fosse diferente talvez estivesse aqui mas não assim.


Saudações em todas as línguas e gestos!

sexta-feira, 15 de abril de 2011

considerações

Gente querida, copiando do Roberto Lima Primeira Pessoa ,um escritor mineiro, bateu uma aridez. Mariê, Cris, Sandrinha, Jens, Assis, Loba, Marcello, Raquel Amarante, grata e beijinhos pelos últimos comentários. Só assim conseguiremos mudar, através de ações individuais e coletivas. Um beijo para os que passam pelos olhos.
*********************

. . Nesta, vou variar. Vai uma canção que tocou e ainda toca.
Inté mais. .

quarta-feira, 13 de abril de 2011

#EuSouGay


imagem: net
coração arco-íris em espiral: eu, através do paint.net(valeu Sandrinha Camurça!)

Trouxe o texto da Mariê(praeumeouvir) e do Marcello (odiabonomeiodarua)


Sejamos Gays. Juntos.

abril 12, 2011

Adriele Camacho de Almeida, 16 anos, foi encontrada morta na pequena cidade de Tarumã, Goiás, no último dia 6. O fazendeiro Cláudio Roberto de Assis, 36 anos, e seus dois filhos, um de 17 e outro de 13 anos, estão detidos e são acusados do assassinato. Segundo o delegado, o crime é de homofobia. Adriele era namorada da filha do fazendeiro que nunca admitiu o relacionamento das duas. E ainda que essa suspeita não se prove verdade, é preciso dizer algo.

Eu conhecia Adriele Camacho de Almeida. E você conhecia também. Porque Adriele somos nós. Assim, com sua morte, morremos um pouco. A menina que aos 16 anos foi, segundo testemunhas, ameaçada de morte e assassinada por namorar uma outra menina, é aquela carta de amor que você teve vergonha de entregar, é o sorriso discreto que veio depois daquele olhar cruzado, é o telefonema que não queríamos desligar. É cada vez mais difícil acreditar, mas tudo indica que Adriele foi vítima de um crime de ódio porque, vulnerável como todos nós, estava amando.

Sem conseguir entender mais nada depois de uma semana de “Bolsonaros”, me perguntei o que era possível ser feito. O que, se Adriele e tantos outros já morreram? Sim, porque estamos falando de um país que acaba de registrar um aumento de mais de 30% em assassinatos de homossexuais, entre gays, lésbicas e travestis.

E me ocorreu que, nessa ideia de que também morremos um pouco quando os nossos se vão, todos, eu, você, pais, filhos e amigos podemos e devemos ser gays. Porque a afirmação de ser gay já deixou de ser uma questão de orientação sexual.

Ser gay é uma questão de posicionamento e atitude diante desse mundo tão miseravelmente cheio de raiva.

Ser gay é ter o seu direito negado. É ser interrompido. Quantos de nós não nos reconhecemos assim?

Quero então compartilhar essa ideia com todos.

Sejamos gays.

Independente de idade, sexo, cor, religião e, sobretudo, independente de orientação sexual, é hora de passar a seguinte mensagem pra fora da janela: #EUSOUGAY

Para que sejamos vistos e ouvidos é simples:

1) Basta que cada um de vocês, sozinhos ou acompanhados da família, namorado, namorada, marido, mulher, amigo, amiga, presidente, presidenta, tirem uma foto com um cartaz, folha, post-it, o que for mais conveniente, com a seguinte mensagem estampada: #EUSOUGAY

2) Enviar essa foto para o mail projetoeusougay@gmail.com

3) E só

Todas essas imagens serão usadas em uma vídeo-montagem será divulgada pelo You Tube e, se tudo der certo, por festivais, fóruns, palestras, mesas-redondas e no monitor de várias pessoas que tomam a todos nós que amamos por seres invisíveis.

A edição desse vídeo será feita pelo Daniel Ribeiro, diretor de curtas que, além de lindos de morrer, são super premiados: Café com Leite e Eu Não Quero Voltar Sozinho.
Quanto à minha pessoa, me chamo Carol Almeida, sou jornalista e espero por um mundo melhor, sempre.

As fotos podem ser enviadas até o dia 1º de maio.

Como diria uma canção de ninar da banda Belle & Sebastian: ”Faça algo bonito enquanto você pode. Não adormeça.” Não vamos adormecer. Vamos acordar. Acordar Adriele.

— Convido a todos os blogueiros de plantão a dar um Ctrl C + Ctrl V neste texto e saírem replicando essa iniciativa —Texto original: http://projetoeusougay.wordpress.com/2011/04/12/sejamos-gays-juntos/
Tirei a máscara. Deixarei lá, por pouco tempo, a que está pegada à cara. O vermelho do fundo, em outro tom, joguei-me nos fios grudados ao couro que descem finos às conchas da escuta e chegam ao cilindro dos arrepios. À luminosidade artificial nota-se uma nuança. Falha o realce virtual. Porém ao sol só parece incendiar.



Saudações em todas as línguas e gestos!

.

sábado, 9 de abril de 2011

Informes

Esta palavra me dá um prazer danado: trocas e compartilhamentos.

_ Mas, por que hoje?
_ Este blogue, esta página, esta caxanga anda ao sabor do toque.

Uma semana depois venho mostrar um vídeo que assistimos sete dias atrás.

Aconteceu, sábado dia 02, na SMED-Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte, o 25º Fórum Família-Escola, que teve por tema, “Diálogos sobre adolescência, juventude e educação”, e sempre aberto a tod@s envolvid@s na educação das crianças e jovens. Um dos palestrantes, César Eduardo Moura, da Gerência de Educação - Equipe de Projetos Especiais, regional oeste, abriu seu tempo com este vídeo que vai.







.

O próximo Fórum aviso com antecedência.


**************************

O elemento letra
Um símbolo, um desenho, uma forma, um som fonema, uns pontos, uma visão, um tato, um cheiro.

_ É quando gruda uma na outra. (Elena Liz)
_ Serve para formar palavras. A B C D E... (Júnia Liz)

Várias combinações e até algumas (letras) soltas dizem e se vão, só ou em blocos construindo outras formas ao tato, cheiros, sabores, os (in)existentes, sentimentos, pensamentos, expressos, impressos, recolhidos a um órgão cheio de terminações de onde partem os alfabetos. Uma articulação dos maxilares combinada com o ar que vai vibrando cordas.
(abr/2010)

*

À mesa
Um copo vazio e uma garrafa cheia. Não se sabe como, bem ao lado, o gargalo quebrado. À garganta descia o líquido de cacos. Sob o tampo de vidro um tripé de apoio. Sobre o chão rachado a cascavel chocalhava o guizo sssssssssssssss... Subida arrastada, enroscava no sustento, a maçã às presas se embebia do sulco das bolsas rompidas. No alto plano liso, um mosaico, a maçã ao meio pela lâmina queda em bandas. A víbora envolve a forma sem bico e entra, sorve o restante. O copo inda vazio, a garrafa tombada por a boca, ia saciada a solidez.
(set/2010)

.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Guerra

Augusto dos Anjos

Guerra é esforço, é inquietude, é ânsia, é transporte...
É a dramatização sangrenta e dura
Da avidez com que o Espírito procura
Ser perfeito, ser máximo, ser forte!

É a Subconsciência que se transfigura
Em volição conflagradora... É a coorte
Das raças todas, que se entrega à morte
Para a felicidade da Criatura!

É a obsessão de ver sangue, é o instinto horrendo
De subir, na ordem cósmica, descendo
À irracionalidade primitiva...

É a Natureza que, no seu arcano,
Precisa de encharcar-se em sangue humano
Para mostrar aos homens que está viva!

domingo, 3 de abril de 2011

cansei de mim, trago ele:

Fernando Pessoa

O que há em mim é sobretudo cansaço -
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A sutileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas -
Essas e o que falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,

E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimo, íssimo, íssimo,
Cansaço...
.
.
***********

Fernando Pessoa

Eu, eu mesmo...
Eu, cheio de todos os cansaços
Quantos o mundo pode dar. -
Eu...
Afinal tudo, porque tudo é eu,
E até as estrelas, ao que parece,
Me saíram da algibeira para deslumbrar crianças...
Que crianças não sei...
Eu...
Imperfeito? Incógnito? Divino?
Não sei...
Eu...
Tive um passado? Sem dúvida...
Tenho um presente? Sem dúvida...
Terei um futuro? Sem dúvida...
A vida que pare de aqui a pouco...
Mas eu, eu...
Eu sou eu,
Eu fico eu,
Eu...

************

sexta-feira, 1 de abril de 2011

para aquém da indignação

Por dentro, uma angústia, uma tristeza, um sentimento de um ser nada, útil pra encher o saco de vazios estranhos. Trago pra cá estas malditas(*) palavras, que um dia ousei transferir para o papel.


. Achei mais este, do que chamei, assim eu escrevia, enfiado no meio de páginas.


clica que amplia

************


Nos versos, de papéis, quando vier a inspiração, farei desenhos ou deixá-los-ei como estão, limpos. Viajando nas profundezas atuais e considerando-me inculta: Dos altos montes verdes caio nas misérias famintas, sedentas mentes impotentes. Lá, o sol está longe de ser adorado. Lá, ele não passa de estrela de quinta grandeza. (1997)



**************


1º A + J + U + N + T + E


D + E


L + E + T + R + A + S


P E S S O A L


Não sou nada nem ninguém


E nada mais me resta


A não ser mudar minha aerodinâmica


*******

Trecho de uma postagem antiga

Quando, na época da Santê, numa conversa com os meninos punks, o Gauba vira e fala que a solução para a sobrevivência do planeta seria a extinção do ser humano, aí minha cabeça explodiu. O impacto não é brinquedo não.



*************


(*) Quando a Rádio Comunitária Santê FM foi violentamente fechada, montávamos de segunda a sexta uma barraquinha, destas de feira, na Praça Sete, centro de Belo Horizonte, para recolher assinaturas contra o fechamento. Montar as ferragens não era muito fácil. Um dia de chuva cheguei à praça, depois do trabalho, e tava lá o pessoal debaixo de uma barraca toda torta e com o toldo despencando e tod@s molhados. Dias depois nos reunimos, muita gente, a Mariana punk pede a fala, e fala de todas as assinaturas que recolhemos todos os dias na maldita barraquinha.

***************


A tormenta que se tornou

A vontade é ir preenchendo as tantas linhas vazias com toda manifestação das emoções que se dão, afloram e transpiram, ocupando de rab...